sábado, 15 de junho de 2024

O HOMEM SOLÍFUGO

Acho que me distraí enquanto caminhava para casa. 

Que diabos de lugar é esse? Então esse é o universo infinito que nos cerca e abraça todo ser que vive? 

Talvez esteja apenas perdido no reino do mestre oneiros.

Me tornei este homem solífugo, procurando buracos cada vez mais profundos da existência, fugindo da luz e dos sorrisos falsos que outrora tive que suportar. 

Meus pés doem por causa das pequenas e pontiagudas pedras espalhadas por este deserto da alma. 

Sinto também fome e sede, mas não acho que seja possível encontrar algo por aqui.

Não tenho mais aquela impressão de estar sendo observado, só o silêncio doído e cortante que atravessa todo o meu ser. 

É provável que já tenha morrido e este seja uma espécie de purgatório. 

Tento chorar, mas não há lágrimas disponíveis. 

Gostaria de gritar, mas não sinto que tenha ar suficiente nos pulmões. 



Giuliano Fabrício Miotto Borges de Freitas

Acadêmico Fundador da Cadeira nº32



4 comentários:

Coronel Divino Alves disse...

Giuliano eu também em muitas vezes me vejo assim: Solífugo!
Parabéns pelo texto!

Anônimo disse...

Espetacular!

Cel HelDam disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
HelDam CelPM disse...

Momento de imersão ao vazio. Fontes macabras de uma realidade imaginária, tecida pelas dúvidas lançadas nos meandros da escuridão. Um ser só, solitário, solífugo. Adorei cada linha desenhada nesta crônica. Parabéns confrade. :)

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