ESCRITA, METÁSTASE DO SENTIMENTO

 

Na alma, a semente do sentir germina,

Um pulsar que no peito se alinha.

Mas, preso em si, o sentimento definha,

Se a escrita não o liberta, não o ilumina.

A escrita é a metástase do sentimento,

Um câncer de palavras, em movimento.

Se espalha na folha, como um lamento,

E em cada verso, um novo tormento.

Do amor à dor, da fúria à calma,

A escrita transforma a alma em drama.

Cada palavra, uma nova chama,

Que arde e consome, sem dó nem fama.

Metástase que cura, que fere,

Que liberta a alma, que a prende e interfere.

A escrita é o espelho, que a verdade profere,

E em cada linha, um novo mistério se adere.

Assim, a escrita se faz metástase,

Do sentimento que em nós renasce.

Um ciclo eterno, que nunca se desfaz,

A alma em palavras, que o tempo jamais apaga.

Edno Paula Ribeiro - Major PM 

Acadêmico Fundador da Cadeira nº15