quarta-feira, 17 de julho de 2024

O DEMIURGO

Havia uma densa escuridão encobrindo todo lugar, absorvendo até mesmo as sombras mais persistentes. Mãos quase humanas tateavam à procura de algum alento e raramente conseguiam satisfazer suas expectativas sensuais. 

Um demiurgo observava o frenesi obsceno e ria consigo, contendo uma gargalhada que poderia afetar os seres que se arrastavam no escuro.

Outrora todos eles tiveram a possibilidade de andar na luz, mas abominaram a verdade que vivia andando errante pelo mundo desperto. 

Por este medo imotivado da verdade, agora tinham que buscar a esperança onde ela não mais podia ser encontrada. A esperança gostava de andar ao lado da verdade e as duas se entendiam sempre. 

Idiotas! Pensou o demiurgo. Ouvindo os murmúrios desalentados daqueles que escolheram as trevas.

De repente um estrondo ecoou fazendo todos se aquietassem apavorados. Um silêncio incômodo se prolongou por vários minutos, sendo interrompido por alguns gemidos vindos de lugares indefinidos. Algo poderoso os atingira. 

O murmúrio voltou aos poucos até se transformar em uma algazarra de vozes exasperadas. 

Outro estrondo se ouviu. Parecia um tipo de gargalhada. Mais gemidos e um cheiro de sangue subiu no ar, gerando náusea e pavor. 


Giuliano Fabrício Miotto Borges de Freitas

Acadêmico Fundador da Cadeira nº32

Um comentário:

HelDam disse...

Do Criador para a criatura. Como e até quando poderá Ele aturar. Das trevas à luz, não eximiu da ignorância o tolo que buscou apoio junto só caos. Então, que a paciência Dele seja eterna e as trombetas silenciados para que, também eu, possamos vagar errantes na aldeia do paraíso

DISCURSO DE POSSE NA CADEIRA Nº 08 BERNARDO ÉLIS, DA ACADEMIA GOIANA DE LETRAS MILITAR

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